Psicopedagoga clínica e mestre em psicologia do desenvolvimento, Maria Teresa Andion esclarece que a atenção é uma capacidade cerebral muito semelhante à concentração. "Brinco que é interesseira, pois as pessoas só prestam atenção efetivamente naquilo que querem", afirma. No consultório, Maria Teresa atende jovens que recebem queixas da escola por utilizarem o celular durante as aulas.Ao fazerem, os adolescentes aumentam o seu nível de estresse, pois estimulam diferentes zonas do cérebro simultaneamente e começam a ficar dispersos, não conseguindo manter um foco único. O resultado é que o rendimento cai. "Não aconselho às pessoas que mexam em qualquer tipo de dispositivo durante outras atividades que requeiram atenção", diz. O fenômeno é mais comum entre os mais jovens, que já crescem rodeados por dispositivos com acesso à internet, TV a cabo, videogames, entre outros. Estes estímulos fazem com que um sujeito de 65 anos, de outra geração, em geral tenha uma memória melhor do que um de 20 anos. Além disso, hábitos importantíssimos - como a leitura - podem ser prejudicados, já que requerem mais atenção.Como o fenômeno descrito não é raro, há um grande tendência de diagnosticá-lo facilmente como TDAH. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma pesquisa da Faculdade de Medicina Feiberg, da Universidade de Northwestern, indica que o percentual de crianças com o transtorno cresceu 66% entre 2000 e 2010. Maria Teresa faz questão de ressaltar que não se pode chegar a essa conclusão facilmente. Além disso, falta de foco e dispersão também podem sinalizar o uso de drogas ilícitas, o excesso de álcool ou até mesmo um traço de personalidade. Na condição de diretora do Centro Educacional Gulliver, do Rio de Janeiro, Carla Regina de Jesus orienta os alunos a usarem o celular apenas fora da sala de aula. Algumas regras sobre o tema se tornaram necessárias para que os momentos de ensino possam transcorrer com tranquilidade. "Não impedimos que os alunos tragam seus aparelhos, porém a utilização só é permitida no intervalo, pois já vimos e sabemos que o uso não é voltado à pesquisa ou qualquer coisa do tipo, mas sim às mensagens e às redes sociais", afirma.
( Heloisa dos santos )
( Heloisa dos santos )
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